Pessoalmente | Pausas e Movimento – snacks que o seu cérebro e mente agradecem
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Pausas e Movimento – snacks que o seu cérebro e mente agradecem

Na equação autocuidado vs. tempos de pandemia, há sempre muito a considerar e, na verdade, nunca é demasiado, pelo que vamos aqui sublinhar alguns básicos sobre a forma como podemos melhorar por um lado a nossa performance laboral e, pelo o outro, saborear os escassos “tempos de lazer” que temos. 

Vamos começar pelo Zoom, Teams, Skype, Google Hangouts… Muitos de nós trocaram as filas de trânsito pelas salas online, traduzindo o horário de expediente num grande número de videochamadas, que se sucedem uma atrás da outra. Mas, reunir com os nossos colegas através de um ecrã é muito diferente de reunir com os nossos colegas numa mesa redonda com a energia de pessoas ao vivo (onde nunca desaparecem numa janela preta, nem silenciadas “on mute”). O mundo digital tem muitas vantagens, mas não emana a mesma força humana do analógico. Por isso mesmo, neste “novo normal” pode acontecer a qualquer um de nós, depois da quarta ou quinta reunião (se tanto) sentir um enorme cansaço mental e a sensação de estarmos de corpo presente e “alma” ausente. Este esgotamento computacional pode ser, na verdade, evitável com apenas alguns minutos.

O cérebro precisa de pausas!

Quando se trata de atenção concentrada, a sua mente tem uma mente própria. Mesmo as pessoas mais produtivas do mundo não têm uma capacidade de atenção infinita. Já percebeu qual a sua janela de atenção ótima, quando sentado na frente de um ecrã? Aquele limite de tempo a partir do qual a sua mente vagueia e fica cada vez mais alienada, independentemente da sua vontade e permissão? É verdade, quando esse momento chega é mais inteligente parar. Assim sendo, para os que dizem “não tenho tempo para fazer uma pausa”, seria bem mais produtivo não ter tempo para não fazer uma pausa! A nossa capacidade de concentração/ cognitiva beneficia e regenera-se na pausa, explica Priti Shah, professora de cognição e neurociência cognitiva na Universidade de Michigan. 

Quando encadeamos tarefas, sem pausar, deparamo-nos com algo chamado de “interferência proativa”, diz Shah. “O que estava na nossa cabeça antes emerge agora na atividade presente da mente. O que quer que estivesse a pensar há minutos atrás, vai interferir no que vai fazer a seguir. Fazer pausas pode reduzir este efeito… e 2 minutos é, muitas vezes, suficiente para um reinício mental rápido, entre tarefas.

Como dar um descanso ao seu cérebro?

Já ouviu falar no estado de “flow”? Este é um estado de grande imersão no trabalho, onde o tempo voa e depende, por isso, da capacidade de evitar distrações que, na verdade, acarretam um custo mental significativo (podemos levar mais de 20 minutos para voltar ao ritmo depois de desviados do nosso foco). O flow é mesmo o pote de ouro da produtividade; mas só é possível num cérebro descansado. Estamos condicionados a pensar nas interrupções como inimigas da produtividade, mas as interrupções entre as tarefas, ao contrário das distrações, são vitais para o seu funcionamento geral. A investigação mostra-nos que mesmo “breves desvios” melhoram o foco, a memória e a capacidade de aprendizagem. Resumindo, fazer uma pausa, mesmo que rápida, antes de uma reunião pode torná-la muito mais produtiva! O segredo é usar essas interrupções com sabedoria… 

Levante-se da cadeira, afaste-se da mesa (e do computador!) e faça uma mudança física de local. Desça as escadas e pegue um copo de água. Vá até à janela, apanhe um bocadinho de ar. Interaja com o seu animal de estimação. Mova o corpo, faça alguns alongamentos ou qualquer exercício favorito

Pausas e movimento para o seu bem estar emocional.

“O exercício físico é incrivelmente útil para restaurar recursos cognitivos”, diz Shah, mas não só… Numa altura onde a saúde emocional é felizmente também fonte de preocupação, sabemos que o exercício físico é um prestigioso aliado. Quando não movemos o corpo, a nossa mente “estagna”! Afinal, um grande componente do que chamamos de trauma é a “imobilidade”, ou seja, estar num estado físico em que não podemos/conseguimos fazer nada. Portanto, sermos capazes de fazer coisas – exercício físico, cozinhar, tocar um instrumento musical, criar arte… – é fundamental para nos manter vivos e para envolver funções cerebrais essenciais na conexão humana. O bem estar psicológico é também aprender a ter um corpo totalmente vivo, conectado e sintonizado no presente. Mesmo num momento restritivo como este, há muitas coisas práticas que podemos ir fazendo…

O oposto do exercício também pode ser útil. “Há algumas evidências sobre os benefícios do descanso acordado”, diz Shah – “sentar e não fazer nada”. Para tentar um descanso acordado, passe dois minutos sentado em silêncio, sem ler ou ouvir nada, e apenas deixe a sua mente relaxar e “esvaziar-se”. Melhor ainda se for à janela ou num contacto mais próximo com a natureza.

Se o seu trabalho exige uma agenda lotada de reuniões, seja criativo para reservar aqueles minutos preciosos, para um tempo de pausa e movimento, ou pausa e alguns exercícios de respiração/ descanso. Independentemente de como decidir gastar os seus dois minutos, simplesmente não os ignore. O que pode parecer à primeira vista apenas mais uma coisa para encaixar na sua agenda pode, com efeito, tornar dias e semanas bem mais tranquilos – fazer pausas é uma oportunidade, um pequeno investimento de tempo para uma grande recompensa… 

Mas nem só de reuniões se compõem os nossos dias. Num momento como este, é importante perceber que as nossas competências cognitivas são uma pequena parte de quem somos. Podemos conversar, explicar e ter opiniões sobre tudo e mais alguma coisa, mas considerações intelectuais sobre por que estamos ansiosos, ou saturados desta realidade pandémica geralmente não resolve questões emocionais profundas, apenas nos dá opções para fazer algo a respeito disso mesmo (o que já não é mau, é verdade).

Aprender a acalmar e gerir reações subcorticais exige outro tipo de estratégia e qualidades. Uma maior compreensão do sistema nervoso autónomo dá-nos exactamente essa perspectiva, nomeadamente no encalço de benefícios ao nível do movimento, respiração, música, ritmos, canto e outras atividades que mudam o relacionamento visceral connosco e com os nossos sistemas reguladores centrais. Quando estamos frustrados, desiludidos, preocupados, inquietos, zangados… uma pausa para não fazer nada ou uma pausa para fazer alguns movimentos é possivelmente o melhor kit de primeiros socorros psicológicos que pode usar. 

Portanto, seja para garantir a sua vitalidade intelectual ao longo da sua jornada de trabalho, seja para garantir bem estar psicológico na sua vida e nas suas relações sociais, dividir o tempo em ritmos claros, com pausas e movimento, são excelentes snacks para o seu cérebro e mente. 

Vera Lisa Barroso, Pessoalmente ®

 

Esperemos que tenha gostado e que o tema possa servir curiosas reflexões, bem como explorações internas/ externas!

Partilhe com (ou identifique no texto) todas as pessoas que possam beneficiar com estes snacks de pausa e movimento para os seus cérebros intelectual e emocional, em tempos de pandemia… Comente ou deixe-nos sugestões sobre a nossa conexão humana ou tópicos relacionados. Todos os contributos muito bem vindos!