Pessoalmente | Janeiro 2021: das resoluções de ano novo a um novo confinamento
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Janeiro 2021: das resoluções de ano novo a um novo confinamento

E eis que chegámos a 2021! 

Janeiro é, para muitos, um mês cheio de expectativas e projecções. Assim que nos aproximamos do final de um ano civil, começamos a atirar para Janeiro o cumprimento de muitos objectivos que, por uma razão, ou por outra, não conseguimos realizar até então. Este Janeiro, em particular, erguia-se no nosso imaginário carregado de esperança, na sequência de longa travessia vivida pelo mundo desde 2019. Mas, naturalmente, ainda estamos distantes de uma realidade sem medo e sem tanta imprevisibilidade… a grande questão é: como manter a confiança na estreia de 2021, sem nos afundarmos no desgaste que carregamos às costas (há quase um ano) e na iminência de novo confinamento? 

De repente é-nos exigido, novamente, um stock de resiliência que já não sabemos onde está guardado? Não está sozinho. 2020 foi um ano singular, vivido e sentido de formas muito particulares por cada um de nós. Para uns, a possibilidade de abrandar o ritmo laboral e ganhar tempo de qualidade, para outros uma perversão dos limites entre casa e escritório, para outros a perda do trabalho e o medo do amanhã; para uns mais tempo em família, para outros ruptura familiar ou a perda de entes queridos, para uns a oportunidade de experimentar actividades novas, para outros a incapacidade de fazer o que quer que seja… todos nós, sem excepção, enfrentámos situações que implicaram mudanças, algumas com tremendo impacto nas nossas vidas!   

Verdade que nada dura para sempre e este vírus não será excepção. Verdade que tempos melhores virão e, no fim, ficará tudo bem; mas, também é verdade que ainda nada sabemos sobre o quando e o como? Não ignorando (ou deixando de cuidar) os desafios decorrentes dos últimos tempos, tentemos, porém, esse olhar esperançado sobre o futuro! É sobre esta confiança e clarividência que o convido a repensar as tradicionais resoluções de ano novo, ante uma conjunctura de impossibilidades de ano novo.  

Terminamos Dezembro, por excelência, um mês de grandes emoções e balanços ou, numa grande maioria das vezes, uma oportunidade para listarmos todas as nossas falhas. Depois, numa tentativa rápida de refrear a frustração, desenhamos a ilustre (ocasionalmente fatídica) lista de resoluções. Mas quando determinamos uma meta, onde subjaz o real objetivo? Uma meta é o sítio onde queremos chegar, mas saberemos porque nos interessa lá chegar? Por que razão queremos meditar, fazer exercício físico, cuidar da saúde mental, passar mais tempo com a família, deixar de fumar… no próximo ano? Se aquilo que nos falta é mais energia, mais produtividade, mais clareza, reduzir o stress, aumentar a conexão humana, aumentar a diversão… esta avaliação e clarificação é fundamental para compreendermos onde estamos e o que, eventualmente, precisamos para chegar onde queremos. Depois dessa exploração…  

  • Quais as condições ambientais que incentivam ou desencorajam o sucesso deste objetivo?

Cada um de nós vive em contextos altamente complexos e, na verdade, muitas vezes sem grande margem para mudança… então, como podemos seguir instruções generalistas que funcionem com 7,8 biliões de contextos diferentes? É também por isso que a máxima de: a) defina uma meta, b) trace o caminho para lá chegar e c) implemente-o durante 21 dias para garantir que d) adquire o hábito e atinge o sucesso é tantas e tantas vezes uma enorme frustração! Funciona para uns, para outros não.

Que condições ambientais e circunstâncias da vida acredita influenciar (positiva e/ou negativamente) o sucesso das suas resoluções? Coisas como: vivo longe/perto do meu trabalho, (não) tenho fins-de-semana para descansar, (não) tenho um ginásio perto de casa, (não) tenho um espaço de silêncio na minha casa, (não) vivo sozinho, (não) estou em contexto pandémico… etc. 

Repare como os contextos têm inevitavelmente um enorme impacto sobre os aparentemente “vulgares” balanços de final de ano e, não menos, comuns listas de desejos para o ano seguinte. Nenhum desprimor relativamente ao estabelecimento de objetivos e metas a atingir, mas apenas uma advertência de cuidado na aspiração dos mesmos. Considere, até, trocar uma resolução original pela alteração das condições ambientais que possam ter maior potencial de bloqueio ao sucesso da resolução original. As partes difíceis ou mais exigentes dos nossos objectivos não são menos invisíveis. Tornar o invisível visível permite-nos pesar de forma mais apropriada o esforço necessário para realizar os nossos objectivos.

  • Que tempo de qualidade ganha com esta resolução? 

Quase todos os objetivos, resoluções e coisas pelas quais vale a pena viver nesta vida reduzem-se a três valiosos ganhos: tempo de qualidade com pessoas, tempo de qualidade envolvido em interesses e tempo de qualidade connosco. 

Bronnie Ware uma autora que levou curiosidade aos cuidados paliativos, idosos e doentes terminais, perguntando o que centenas de pessoas lamentavam ou se arrependiam no final da vida, partilhou cinco arrependimentos comuns:

  1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, não a vida que os outros esperavam de mim.
  2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto.
  3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar as minhas emoções.
  4. Eu gostaria de ter mantido contacto com os meus amigos.
  5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz.

 

Estes arrependimentos resumem-se possivelmente a um denominador comum: tempo de qualidade insuficiente! E perguntava-me um cliente meu no outro dia, mas o que é isso de tempo de qualidade afinal? Estou certa que cada um de nós responderá de forma diferente, mas falamos seguramente de tempo dedicado a nós mesmos, às pessoas mais próximas ou às nossas paixões e descobertas entusiasmantes; um tempo que nos faz sentir tranquilos, conectados… completos! Olhando para os seus objectivos veja se consegue apurar que tempo de qualidade lhe pode trazer cada um dos propósitos que definiu? 

  • Manter o foco na meta!

Uma meta, ou resolução, acima de tudo, pretende ser uma “reparação” ou aperfeiçoamento da forma como vivemos. Os anos passam e vamos tomando decisões para ter certeza de que estamos no caminho certo e acabamos no lugar certo (ou pelo menos não no lugar errado). É importante lembrar disso porque, se podemos admitir que são correções de percurso, podemos prescindir da necessidade de perfeição (uma vida perfeita não precisa de reparos) e apenas ter certeza de que estamos a caminhar com sentido e no sentido correcto. É por isto que também vale muito a pena ir revisitando as resoluções e ajustar em conformidade com as necessidades que vão surgindo e com o que já fomos aprendendo nas dificuldades que ultrapassamos. 

A “magia” é conectar os objectivos de uma resolução (que está orientada para a ação) com o tempo de qualidade que ela aumentará na sua vida e o impacto que terá de uma forma geral. Quando a motivação para a resolução diminuir ou novas circunstâncias ambientais surgirem, vale a pena reconectar os objectivos e obter uma nova motivação para o resultado final. Sabemos que em pleno momento pandémico são muitos os constrangimentos ambientais que podem desafiar as suas resoluções mas, este é o repto que temos presentemente para transformar as nossas vidas. 

Por fim, lembre-se de ir apreciando como se vai desenrolando a relação com os objectivos traçados… melhorando a resolução à medida que aprende mais sobre a melhor maneira de a aproveitar ao máximo.

Vera Lisa Barroso, Pessoalmente ®

 

Esperemos que tenha gostado e que o tema possa servir curiosas reflexões, bem como explorações internas/ externas!

Partilhe com (ou identifique no texto) todas as pessoas que possam beneficiar com esta reformulação de resoluções de ano novo, capazes de enfrentar o peso e fadiga herdados do ano velho… Comente ou deixe-nos sugestões sobre a nossa conexão humana ou tópicos relacionados. Todos os contributos muito bem vindos!